Natural de São Gonçalo do
Amarante (RN), Andreson Madson do
Nascimento, aluno do segundo ano de
Teologia, do Seminário de São Pedro,
decidiu, no final de 2012, deixar a terra
natal e fazer uma experiência missionária
na Amazônia. O local escolhido foi a
Arquidiocese de Porto Velho (RO). Hoje,
com 30 anos de idade, o seminarista e
estudante de Teologia, afirma que é feliz
e que valeu a pena este quase um ano e
meio de experiência, já vivido em terras
rondonienses.
Ândreson explica que a vocação
dele nasceu durante as Santas Missões
Populares, que aconteceram nas paróquias,
em preparação para o centenário
de criação da Diocese de Natal, comemorado
em 2009. “Como vim de um
processo vocacional, surgido no período
das Santas Missões, chegou um momento,
durante o Curso de Teologia, que me
senti estimulado a fazer essa experiência
missionária. Porém, tudo foi impulsionado
quando, em um encontro, no Seminário,
o nosso Arcebispo, Dom Jaime
Vieira, disse que se algum seminarista tivesse o desejo de fazer uma experiência
de estudo e missão, na Região Amazônica,
ele daria todo apoio”, recorda.
Ândreson também lembra que após tomar
a decisão, em comum acordo com o
reitor do Seminário, foi iniciada a busca
do lugar onde faria a experiência. Pelos
meados do ano de 2012, foram iniciados
os contatos com o arcebispo de
Porto Velho, Dom Esmeraldo Barreto.
Em dezembro daquele ano, a Arquidiocese
da capital rondoniense promoveu
a primeira experiência missionária, com
seminaristas e leigos de outros estados.
Ândresson participou e decidiu que, já
no ano seguinte, passaria a estudar Teologia
no Seminário Maior João XXIII, da
Arquidiocese de Porto Velho. “Por que
não estudar Teologia, em lugar específico de missão, como é a Amazônia?”, diz
o seminarista potiguar.
Missão em Rondônia
Para Ândreson Madson, o que
mais chamou a atenção dele, neste mais
de um ano de experiência missionária
na Arquidiocese de Porto Velho, é a
formação do povo. “Aqui, temos muitas
pessoas que vieram de outros estados,
mas temos pessoas nativas, como os ribeirinhos
(que moram nas proximidades
dos rios), e povos indígenas, de cultura
tradicional amazônica”, explica. De acordo
com o seminarista, naturalmente a Igreja enfatiza o protagonismo dos leigos.
“É uma igreja que se organiza a partir de seus membros e faz com que eles
tenham papel importante na dinâmica
da comunidade. Quando nós, seminaristas,
saímos em missão percorrendo as
paróquias do interior, percebemos que
as pessoas, quando chegam de outros
lugares e começam a trabalhar na terra,
elas se organizam como Igreja. Aquelas
pessoas conseguem tornar uma igreja
viva e fortalecida. Isso é uma realidade
muito forte, por aqui”, relata.
O termo ‘missão’ é tão forte nas
terras rondonienses que até o sacerdote
é chamado de ‘missionário padre’.
“Você já recebe a missão no batismo.
Então, todo cristão batizado é chamado
a ser missionário. A partir dessa compreensão,
não importa se você é padre,
leigo ou religiosa. O importante é que,
antes de tudo, você seja um missionário.
E esta missão você vai desenvolver
no estágio de vida para o qual Deus lhe
chamou”, explica o reitor do Seminário
Maior João XXIII, da Arquidiocese de
Porto Velho, Padre Geraldo Siqueira.
O Seminário João XXIII atualmente
recebe seminaristas de Porto
Velho e das Dioceses de Guajará Mirim
(RO) e de Humaitá (AM), além de Ândreson
Madson, da Arquidiocese de Natal.
“Nós temos a clareza de que se a nossa
Igreja servir como porta para esses seminaristas,
como é o caso de Ândreson,
conhecerem a realidade da Amazônia e
sentir pulsar, em seu coração, o desejo
de se tornar missionário nessa Igreja
que tanta necessita, então, porque não
abrir as portas para eles? Não importa
se ele é de Porto Velho ou de outra diocese.
O importante é que ele descubra
que Deus chama e aponta para a Amazônia”,
diz o reitor, Padre Geraldo Siqueira.
Atualmente, o Seminário Maior João
XXIII conta com 20 seminaristas.
Arquidiocese de Porto Velho
Criada como Diocese em 01 de
maio de 1925 e elevada à Arquidiocese
em 4 de outubro de 1982, é, atualmente,
formada por 29 paróquias e uma
área territorial de 84.696 km². Segundo
o seminarista Ândreson, mesmo contando
apenas com 29 paróquias, a Arquidiocese
conta com 800 comunidades
organizadas, chamadas de ‘comunidades
eclesiais’. Para atender aos fi éis, são 62
padres. Apenas 11 pertencem à Arquidiocese,
e, destes, somente dois nasceram
em Rondônia. Os outros nove foram
ordenados em outras dioceses e, depois,
se incardinaram na Arquidiocese de Porto
Velho. Os demais sacerdotes pertencem
a congregações religiosas ou a ‘dioceses
irmãs’.
“Aqui, as religiosas interagem
muito bem com os sacerdotes, no trabalho
nas comunidades. Há paróquias que
são administradas por religiosas”, explica.
Ândreson destaca que o arcebispo,
Dom Esmeraldo Barreto, está empenhado
em difundir o trabalho vocacional
para o sacerdócio. “As pessoas já compreendem
que é necessário favorecer
o surgimento da vocação local para o
sacerdócio”, observa o seminarista.
Informações: Jornal a Ordem da Arquidiocese de Natal
Desafios
Passado mais de um ano, vivendo uma experiência missionária nas terras rondonienses, Ândreson diz que o primeiro desafio que encontrou foi tentar dialogar com as pessoas, muitas das quais são oriundas de outros estados, com outros costumes e culturas. “O outro desafio é conciliar os estudos teológicos com o trabalho missionário nas comunidades. Um não deve se sobressair ao outro. E, claro, que quando se está distante da família e das raízes, é natural sentir saudades da terra natal. Embora, entendo que isso tudo é normal e faz parte do despojar-se para a missão”, diz. O retorno de Ândreson Madson para a Arquidiocese de Natal está previsto para o próximo mês de junho, onde deverá concluir o curso de Teologia.
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