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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

VOCE SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?

Por João Paulo da Silva



Dia desses me chegou uma história daquelas. Caso impressionante e “cabeludíssimo”, como se diz na minha terra. Daqueles que contando ninguém acredita, mesmo quando o acontecido é narrado pela própria mãe da gente, que é a coisa mais sagrada do mundo. Trata-se de uma situação na qual fica meio impossível afirmar se tudo foi realmente verdade ou se não passou de uma grande mentira. Tanto é assim que estou na corda bamba do agnosticismo até agora. É uma história sobre coragem e inteligência, ou sobre covardia e burrice. Depende muito do ponto de vista. Você, leitor, é quem vai dizer. Vá vendo aí.
O dono de um famoso banco resolveu fazer um teste com seus trabalhadores. Queria averiguar a qualidade do atendimento e o nível de atenção prestada aos clientes. Coisa de empresário mesmo, que sempre acha que o problema é o trabalhador. Mas, enfim, o teste foi o seguinte. O banqueiro telefonou para o banco e pediu para falar com uma determinada pessoa, de um determinado setor, a fim de buscar um determinado serviço.
- Alô?
- Alô.
- Eu gostaria de falar com Fulano de Tal, por favor.
- Tudo bem, senhor. Só um minuto que vou transferir para o setor dele. Pode aguardar na linha. – pediu o funcionário que atendeu o telefonema do banqueiro.
Aí começou aquela odisséia de transferências e musiquinhas de espera no atendimento. Um terror. Cinco minutos depois, entretanto, alguém atendeu ao telefone em outro setor.
- Alô?
- Alô. É do setor de Fulano de Tal? – disse o banqueiro.
- É sim, senhor. Em que posso ajudá-lo? – perguntou outro funcionário.
- Bom, eu queria conversar com ele sobre alguns investimentos que desejo fazer.
- Olha, senhor, ele não se encontra nesse momento aqui no setor.
- Ah, não? Você poderia, então, transferir minha ligação para onde ele se encontra?
- Vou ver o que posso fazer, senhor. Aguarde um minuto na linha, por favor.
E tome mais musiquinhas de espera, transferências e outros tantos minutos com a orelha colada ao fone. O ping-pong parecia não ter fim. Joga pra cá, joga pra lá. E o banqueiro ficando puto. Quando finalmente a ligação chegava ao setor onde o sujeito procurado estava, depois de ter passado por um monte de gente, o telefonema caía ou era desligado. O banqueiro, absolutamente irritado, continuava telefonando, insistindo. Já havia tentando uma dezena de vezes, mas nada de conseguir o objetivo. E o pior: sempre que a ligação se encerrava sem êxito o dono do banco era obrigado a retornar ao ponto de partida. Ou seja, era preciso voltar a falar com o primeiro homem que atendeu ao telefone, antes de chegar ao setor desejado. Aí num determinado momento o banqueiro se desesperou.
- Alô?! Alô?! Que palhaçada é essa, hein?! – gritou o dono do banco ao telefone.
- Alô. Algum problema, senhor? Em que posso ajudá-lo? – disse o primeiro funcionário.
- Meu amigo, pelo amor de Deus, faz uma hora que eu estou tentando falar com Fulano de Tal e vocês aí ficam me transferindo pra lá e pra cá! Que porcaria de atendimento é esse?!
- Senhor, sugiro que se acalme. Vou transferi-lo para outro setor que poderá ajudá-lo. Ok?
- NÃO! Nada de transferência! Não faça isso, seu malandro! Me chame Fulano de Tal nesse telefone agora mesmo, seu preguiçoso safado!
O homem do outro lado da linha não pensou duas vezes. Ganhar pouco e ainda ter de engolir desaforo, ninguém merece.
- Escute aqui, meu senhor. – disse o homem para o banqueiro. – Você tá pensando que só porque é cliente pode sair xingando todo mundo?! Não pode não, meu amigo. Nós vamos atender o senhor, mas é preciso ter paciência e respeito com as pessoas.
- Paciência?! Respeito?! Você tá de brincadeira comigo, rapaz?! Olha aqui, você por acaso sabe com quem tá falando?! Eu sou Beltrano dos Grudes e Silva! Eu sou o dono desse banco! – revelou o banqueiro, aos berros no telefone.
O funcionário do outro lado da linha não contou conversa e devolveu na mesma moeda.
- Ah, é?! Ah, é?! E o senhor por acaso sabe com que tá falando?!
- Não! Não sei não. – retrucou o dono do banco.
- Ainda bem. – respondeu o funcionário.
E desligou o telefone na cara do banqueiro.

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