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domingo, 5 de agosto de 2012

A VEZ DO MENSALÃO

Artigo do jornalista Paulo Tarcisio Cavalcanti, publicado no " Jornal Metropolitano " edição desta sexta feira 3 de Agosto.


É visível a tripolaridade em que se divide, hoje, a sociedade brasileira diante da corrupção.

Aparentemente, todo mundo é contra. Todo mundo a condena.

Mas, na realidade, nem todos - como fica claro na discussão do momento em torno do julgamento pelo STF do processo do "mensalão".

Uma parte dos que se declaram contra a corrupção e pedem, com ênfase apaixonada, cadeia para os corruptos, considera com a mais absoluta convicção que o "mensalão" simplesmente não existiu. Foi uma invenção de Roberto Jefferson - dizem.

Ou seja: Para esses, os denunciados estão sendo alvo de um processo eminentemente político. Baluartes da moralidade, mereceriam, isto sim, estar nos altares do PT, nunca no banco dos réus.

Outra parcela da população não tem dúvida: Tenham ou não argumentos de defesa, todos os denunciados são culpados. E por uma razão muito simples: São culpados por que são do "outro lado". Provas eventualmente levantadas (ou não) comprovando (ou não) as falcatruas denunciadas, são meros detalhes.

Por fim, existe ainda uma terceira parcela, do meu ponto de vista, mais realista, que evita prejulgamento e alimenta a expectativa de que, no fim, justiça seja feita - que culpados não sejam inocentados; e que inocentes não sejam condenados.

Afinal, o fim da impunidade passa por uma atitude de consciência ética; jamais pela condenação de meros bodes expiatórios, de preferência do partido adversário.

A sociedade em que vivemos não tem nada de santa. Não pode, porém, fugir do desafio da própria sobrevivência. E a sobrevivência da sociedade passa pelo respeito ao pluralismo e à diversidade mas, também, pela intolerância com a corrupção, não apenas dos outros, mas esteja aonde estiver.

Independente do número de correntes mobilizadas pelo julgamento do mensalão, o certo é que, este é um momento essencialmente tenso do tênue sistema democrático brasileiro.

Cada um de nós tem o direito de optar por uma das correntes existentes. Mas, não pode esquecer de que tem deveres e responsabilidades nessa virada de página da nossa história.

Só tapar o nariz e ficar apontando o outro lado é muito pouco e não leva a lugar nenhum

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