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sábado, 14 de julho de 2012

A CASA É SUA, DOM EUGENIO

Artigo do jornalista Paulo Tarcísio Cavalcanti, publicado no "Jornal Metropolitano" edição desta sexta feira 13 de julho.



O falecimento de Dom Eugênio de Araújo Sales, aos 91 anos de idade, ocorreu na noite do dia 9 de julho, mas só vim tomar conhecimento da triste notícia no dia seguinte. Logo imaginei: Todas as portas do céu estão escanca-radas para recebê-lo. 

Nunca vi, de tão perto, um líder religioso tão concentrado na sua fé. Tem razão o atual arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta: "Ele foi um homem que seguiu Jesus Cristo". 

 Conheci-o mais de perto, quando entrei no Seminário de São Pedro, em 1957. Dom Eugênio era bispo auxiliar de Natal. Com o arcebispo de então, dom Marcolino Dantas, tolhido na sua força de trabalho por encontrar-se cego, era dom Eugênio, ainda muito jovem, quem tocava o governo arquidiocesano e, mais do que isso, comandava o chamado "Movimento de Natal". 

 Durante um certo período de nossa convivência, eu e um grupo de mais quatro ou cinco seminaristas, tivemos o privilégio de ter com ele, a cada semana, um encontro mais fechado, no lanche que ele nos oferecia todos os sábados, após a missa das 7 da noite que celebrava na antiga Catedral de Natal, hoje matriz de Nossa Senhora da Apresentação, na Praça André de Albuquerque. 

O lanche era na sua casa, na Av. Rio Branco e preparado por dona Teca, sua mãe. 

Era a grande oportunidade que tínhamos de ouvir mais de perto aquele grande líder, que nos entusiasmava e empolgava com a sua contagiante disposição para o trabalho e com a capacidade que tinha de atrair os outros para segui-lo. Isto mesmo. Dom Eugênio empolgava e entusiasmava não só pelo que dizia, mas, essencialmente, pelo que fazia, pelos exemplos que transmitia. 

 Não foi à toa que tornou-se um dos grandes nomes da hierarquia eclesiástica brasileira, respeitado e ouvido nas mais altas esferas do Vaticano. Que eu me lembre, de Pio XII pra cá, não teve um Sumo Pontífice, passando pelos consagrados João XXIII e João Paulo II, que não fizesse questão de escutá-lo sobre as questões mais polêmicas do tempo de cada um. 

Vanguardista nato, apesar de priorizar mais a ação do que a palavra, dom Eugênio sempre foi um comunicador por excelência. Começou com ele o sistema de comunicação da Arquidiocese de Natal, primeiro com o jornal A ORDEM, depois com a Emissora de Educação Rural, pioneira no ensino à distância no Brasil. 

Tudo que se disser para engrandecer os feitos de Dom Eugênio em sua passagem por aqui - será pouco. Nada mais justo, portanto, do que a grande festa que os santos estão fazendo no céu para recepcioná-lo com toda pompa.

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