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domingo, 18 de março de 2012

O FIM DO MUNDO

Por João Paulo da Silva


Fala-se muito sobre o fim do mundo. Publica-se muito sobre o fim do mundo. Filma-se muito sobre o fim do mundo. Mas nada disso é muito sério, claro. Nossa paranóia fatalista vai de teorias científicas de araque a profecias apocalípticas oriundas do obscurantismo religioso. Terremotos devastadores, tsunamis capazes de engolir a Terra, tempestades solares que vão fritar a todos nós, chamas do inferno de satanás brotando do chão, juízo final, ira divina contra os pecadores e um etc tão grande quanto essa frase ou mesmo a nossa capacidade de imaginação. Até o simples encerramento do calendário solar de uma civilização antiga entrou no meio do delírio. Tudo isso sem a menor evidência científica. O que tem de gente pelo planeta estocando suprimentos, construindo bunkers e se refugiando em lugares que, supostamente, estariam livres do colapso final não está no gibi. Qual é, gente! Vamos dar um desconto, né?! Essa neurose coletiva já passou dos limites máximos da paciência. Previsões sobre o fim do mundo são feitas desde o tempo em que nós ainda nem tínhamos calendário. E, vejam que surpresa, nós continuamos por aqui. Não é incrível?!

ntretanto, consideremos momentaneamente a possibilidade do apocalipse. Seja ele bíblico ou não. Por que todo esse desespero? Qual a razão para toda essa esquizofrenia diante de algo provavelmente irremediável? Há um provérbio chinês (talvez baiano, não tenho certeza) que diz: “Se o problema tem solução, por que se preocupar com ele? Se o problema não tem solução, por que se preocupar com ele?”. Ora, se o mundo vai acabar, e não podemos fazer muita coisa para impedir, então por que não relaxamos e aproveitamos o tempo que nos resta? Certo. Tudo bem. Eu sei que não é fácil aceitar a ideia de extinção. Afinal, mesmo com as contradições sociais da vida tornando difícil a nossa existência, nós gostamos de viver, e a possibilidade do fim é sempre uma agonia que nos persegue. Mas aceitemos uma verdade. Nosso planeta, nossa espécie, tudo o que há no mundo, nada disso tem a menor importância para o funcionamento do universo. Se a Terra desaparecesse amanhã, o cosmos sequer notaria a nossa ausência. Veem? Bem pior do que a ideia de sermos extintos é a certeza de que somos absolutamente insignificantes quando comparados à imensidão escura, repleta de milhares de galáxias, que existe lá fora.

O certo é que nosso planeta e a humanidade só tem importância para nós mesmos. E é por isso que deveríamos cuidar melhor dos dois. O mundo pode estar acabando e bilhões de seres humanos ainda sofrem com problemas primários, como a fome e a falta de moradia. Criamos uma sociedade que precisa explorar milhões para garantir a boa vida de poucos. Extraímos da Terra bem mais do que ela pode nos dar e nem mesmo damos à natureza o tempo suficiente para se recompor e voltar a oferecer o que precisamos. Consumimos os recursos num ritmo de quem possui cinco planetas. No entanto, curiosamente, temos apenas um. Estamos próximos de uma hecatombe ambiental, e há décadas a crise social bate à nossa porta. Tudo isso porque a produção, três vezes maior do que a necessária, não pode diminuir e o lucro não pode parar. O mundo vai chegar ao fim? Perguntem ao capitalismo e aqueles que o defendem. Mentiram para nós. A História não terminou. Não precisa ser assim. Pode ser de outro jeito.

Olha só, não é que eu queira deixar vocês deprimidos, mas tenho uma notícia ruim para dar. Eu li numa revista conceituada. Não é bobagem. Após uma reunião da Equipe de Ação sobre Objetos Próximos da Terra, a ONU divulgou que um asteroide com aproximadamente 140 quilômetros de diâmetro está vindo em direção ao nosso planeta. Os astrônomos garantem que o impacto será inevitável e que ocorrerá em fevereiro de 2040. Certamente, pelo menos um terço da Terra vai para o beleléu. Só em 2023 vai ser possível dizer se teremos condições de desviar ou não a rota do asteroide. Até lá, é torcer para que o Bruce Willis ainda esteja vivo.

Bom, de todo modo, foi legal conhecer vocês.

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