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segunda-feira, 28 de março de 2011

BRAÇOS

Por João Paulo da Silva



À noite, passando por uma rua deserta, um grupo de estudantes voltava para casa. Por andar devagar, um deles acabou se afastando um pouco do restante. Como o bando vinha numa conversa animada, ninguém notou que o rapaz ia ficando para trás. Algum tempo depois, o grupo sente falta dele. Ao se virar, a caravana avista o sujeito a uma distância considerável. Ele, que era negro, estava branco. Logo todos se aproximaram para saber o que acontecera. - O que houve, cara?! - Fui assaltado! Levou meu celular. – contou ele, muito nervoso. - Assaltado?! Mas como? – perguntaram todos. - Um cara chegou por trás de mim... - Ui!! – alguém do grupo suspirou. - Peraí, porra! É sério. O cara foi assaltado. Fala. – disse o Erivaldo. - Um cara chegou por trás de mim. Passou o braço pelo meu pescoço, encostou o cano do revólver nas minhas costas e enfiou a mão no meu bolso pra pegar o celular. E disse que se eu fizesse qualquer coisa ele atirava. - Peraí, peraí, peraí! Você disse que o cara fez o quê?! Deixa ver se eu entendi. O cara te deu uma gravata, encostou a arma nas tuas costas e enfiou a mão no teu bolso? - É. Foi isso. – confirmou o rapaz assaltado. - E quantos braços tinha esse assaltante, pelo amor de Deus?! Três?! – estranhou o Erivaldo. Nesse momento, uma forte dúvida se abateu sobre o grupo. Alguma coisa não estava fazendo sentido naquela história. - Mas não é possível. Pra fazer tudo isso ao mesmo tempo, o assaltante teria que ter três braços. Você tem certeza do que aconteceu? - Tenho sim. Foi exatamente isso. – insistiu o assaltado. - E como diabos o bandido fez toda essa ação? – o Erivaldo não se conformava. - E eu é que sei! Só sei que o cara levou meu celular! - Calma aí, pessoal. Vamos analisar friamente. – ponderou o Alex. – Há três possíveis explicações, mas apenas uma pode ser a verdadeira. Primeira: nosso amigo aqui está mentindo, mas ele não teria razões para mentir, não neste caso. Então está descartada. Segunda: o assaltante realmente tinha três braços, o que seria irreal e por si só uma mentira. Resta apenas a terceira. Vai ver que... - Vai ver o quê?! Fala logo! – exigiu o grupo todo. - Vai ver que esse terceiro braço não era exatamente um braço. Nem o cano era exatamente de um revólver. Bom, essa é explicação mais plausível. Fez-se um silêncio constrangedor. Aí o Erivaldo falou: - Isso só piora as coisas. Parece que agora a dúvida mudou. - E qual é a dúvida então? – quis saber o Alex. - Dadas as proporções avantajadas do caso, agora precisamos saber se o assaltante era um homem ou um jumento. - Uuuuiii! – alguém suspirou de novo. Dessa vez, mais profundo.

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