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sábado, 14 de abril de 2012

O GRITO DO PAPA

Artigo do jornalista Paulo Tarcisio Cavalcanti, publicado no Jornal Metropolitano edição desta sexta feira 13 de Abril



Foi o próprio Papa Bento XVI que fez o alerta: A Igreja católica está diante de um novo desafio: A partir da Áustria, cresce junto ao clero europeu, um movimento de contestação a dogmas históricos.

Em sua homilia da quinta-feira santa, dia que a tradição católica dedica à criação dos sacramentos da Ordem e da Eucaristia, o Santo Padre proclamou em plena Basílica de São Pedro:

- A desobediência não é o caminho para a renovação da Igreja.

Diante dessa manifestação explícita de preocupação do Sumo Pontífice, fui atrás de saber o que esta inquietando e despertando os padres austríacos.

Não pude ir mais longe, nem me compete, na verdade, realizar uma pesquisa mais profunda - pelo menos neste momento. Mas, pelo que me foi permitido perceber, os padres da Áustria apenas colocaram no papel - e saíram divulgando - anseios que não constituem novidade alguma nos bastidores da Igreja há muitos anos.

Não apenas na Áustria. Muitos menos, só na Europa. Aqui no Brasil, também. Inclusive aqui no Rio Grande do Norte.

Entre os dogmas contestados estão: O celibato obrigatório que impede a ordenação sacerdotal de casados ou que os padres se casem; a proibição da ordenação sacerdotal de mulheres; e a condenação perpétua imposta a católicos que precisaram se divorciar.

O fato do Sumo Pontífice ter dedicado a sua homilia da quinta-feira santa deste ano a essa questão não deixa dúvida: Se o Papa falou - e falou numa transmissão dirigida ao mundo, numa das datas mais significativas da tradição católica - é porque entendeu que esse questionamento chegou a um ponto absolutamente incontrolável.

Pra mim, na sua condição de ex-prefeito da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé, considerada por alguns como a "sucessora" do "Santo Ofício", Bento XVI, que está para completar 85 anos de idade, emitiu, claramente, a sua "carta de seguro", diante de algo que, a cada dia, vai se tornando mais inevitável.

É como se quisesse deixar registrado para o futuro: "Eu não me omiti. Eu tentei evitar. Dei o meu grito de alerta".

Claro: a Igreja deve ter suas razões para sustentar, por tantos séculos, uma posição de total irredutibilidade diante desses dogmas. Eu, como pecador, entendo que, no dia em que se fizer uma avaliação de sua real dimensão e de suas consequências, ficará claro que elas mais prejudicaram do que contribuíram para o fortalecimento da fé.

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