Por João Paulo da Silva
Dessa vez foi pra valer. Não houve engano. Sem essa de me confundirem com outro escritor. Eu fui eu mesmo de verdade, para mim e para os outros. Estava ficando famoso realmente. O prelúdio da fama havia chegado e ninguém poderia me roubar esse momento. Finalmente eu possuía mais leitores do que os habituais seis fãs que lêem as minhas crônicas periodicamente, contando já com meus pais e meus dois irmãos. De certa forma eu até desconfiava que o reconhecimento fosse só uma questão de tempo. O problema era a quantidade de tempo. Felizmente, o começo tímido do sucesso chegou antes da morte, o que já é um consolo. Graças a um projeto da professora Amanda Gurgel, fui chamado para um bate-papo sobre o “ofício do cronista” com alunos do ensino médio, numa das escolas onde a educadora mais famosa do país na atualidade leciona.
Pois é. Sou amigo dela. Podem morder os cotovelos de tanta inveja, mas um novo famoso, assim como eu, também deve estar cercado de gente famosa. É natural para quem já conhece Mário Prata, Fabrício Carpinejar e Marina Colasanti, muito embora eles não se lembrem de mim. Bom, mas o mais importante é que Amanda me disse que estava trabalhando o gênero crônica em suas aulas e que meus textos tinham sido utilizados como exemplos. Os pupilos, claro, foram à loucura (a modéstia é meu maior defeito). Adoraram as crônicas e queriam conhecer o autor. A professora resolveu, então, que seus alunos deveriam ter contato com um cronista de verdade. Como o cronista mais próximo era eu mesmo, o que não resultaria em nenhum gasto financeiro a mais para a escola, já que moro na mesma cidade, Amanda decidiu me fazer o convite. Aceitei na hora. Afinal, uma oportunidade dessas a gente não perde nem se estiver respirando por aparelhos no leito de morte. Seria a primeira vez que os alunos estariam diante de um escritor. E também seria a primeira vez que eu estaria diante de leitores dos meus textos, sem contar a minha esposa.
Por pouco mais de uma hora conversei com cerca de quarenta estudantes sobre uma porção de assuntos. Um verdadeiro bate-papo que me deixou muito à vontade e me fez matar o desejo de contar causos que contando ninguém acredita. Parecia que eu fazia aquilo há anos, quase no piloto automático. Falei sobre a história da crônica, sobre como penso no que vou escrever, sobre o que faz um texto ser uma crônica etc etc etc. Também respondi a perguntas e ouvi trechos de crônicas escritas pelos próprios alunos. Os textos vão até virar um livro, tamanha é a qualidade das produções. Além disso, fiquei lisonjeado em saber que muitos daqueles pequenos escritores tinham se inspirado em crônicas minhas para escrever as suas. Pensei em brincar e dizer que não era uma boa seguir o meu exemplo, mas não soaria honesto. Melhor que se espelhem em mim do que no Paulo Coelho. A modéstia ainda vai me matar. Ou me matam por causa dela. Poder conversar com quem gasta parte de seu tempo lendo as bobagens que escrevo é uma experiência que vou guardar com todo o carinho, sempre com um gostinho de quero mais.
É claro que não poderia deixar de mencionar as cenas pitorescas que me aconteceram no momento em que vi a fama se aproximar de mim. Enquanto eu falava aos estudantes, notei muitos flashes de máquinas fotográficas sendo disparados. Não pude deixar de imaginar que tudo aquilo era o afã dos paparazzi procurando o meu melhor ângulo. Famoso, eles nunca mais me deixariam em paz. Andar nas ruas, agora, só disfarçado. Era o fim da privacidade. Mas foi só o delírio passar para eu me dar conta de que todos aqueles flashes vinham da câmera fotográfica da minha esposa, que não parava de tirar fotos. Não me deixei abater por isso, já que logo após o bate-papo várias alunas vieram tirar fotos comigo. Acho, inclusive, que o fato de o público feminino ter me procurado mais talvez denote que não sou apenas um bom cronista, mas também um rostinho bonito (ai, a modéstia...). E o que dizer dos autógrafos?! Simplesmente perdi a conta de quantos dei. Quer dizer, mais ou menos. Exagero meu. Dei uns dez, o que já é um bom começo.
Foram as dez vezes que mais assinei meu nome com prazer.
Pois é. Sou amigo dela. Podem morder os cotovelos de tanta inveja, mas um novo famoso, assim como eu, também deve estar cercado de gente famosa. É natural para quem já conhece Mário Prata, Fabrício Carpinejar e Marina Colasanti, muito embora eles não se lembrem de mim. Bom, mas o mais importante é que Amanda me disse que estava trabalhando o gênero crônica em suas aulas e que meus textos tinham sido utilizados como exemplos. Os pupilos, claro, foram à loucura (a modéstia é meu maior defeito). Adoraram as crônicas e queriam conhecer o autor. A professora resolveu, então, que seus alunos deveriam ter contato com um cronista de verdade. Como o cronista mais próximo era eu mesmo, o que não resultaria em nenhum gasto financeiro a mais para a escola, já que moro na mesma cidade, Amanda decidiu me fazer o convite. Aceitei na hora. Afinal, uma oportunidade dessas a gente não perde nem se estiver respirando por aparelhos no leito de morte. Seria a primeira vez que os alunos estariam diante de um escritor. E também seria a primeira vez que eu estaria diante de leitores dos meus textos, sem contar a minha esposa.
Por pouco mais de uma hora conversei com cerca de quarenta estudantes sobre uma porção de assuntos. Um verdadeiro bate-papo que me deixou muito à vontade e me fez matar o desejo de contar causos que contando ninguém acredita. Parecia que eu fazia aquilo há anos, quase no piloto automático. Falei sobre a história da crônica, sobre como penso no que vou escrever, sobre o que faz um texto ser uma crônica etc etc etc. Também respondi a perguntas e ouvi trechos de crônicas escritas pelos próprios alunos. Os textos vão até virar um livro, tamanha é a qualidade das produções. Além disso, fiquei lisonjeado em saber que muitos daqueles pequenos escritores tinham se inspirado em crônicas minhas para escrever as suas. Pensei em brincar e dizer que não era uma boa seguir o meu exemplo, mas não soaria honesto. Melhor que se espelhem em mim do que no Paulo Coelho. A modéstia ainda vai me matar. Ou me matam por causa dela. Poder conversar com quem gasta parte de seu tempo lendo as bobagens que escrevo é uma experiência que vou guardar com todo o carinho, sempre com um gostinho de quero mais.
É claro que não poderia deixar de mencionar as cenas pitorescas que me aconteceram no momento em que vi a fama se aproximar de mim. Enquanto eu falava aos estudantes, notei muitos flashes de máquinas fotográficas sendo disparados. Não pude deixar de imaginar que tudo aquilo era o afã dos paparazzi procurando o meu melhor ângulo. Famoso, eles nunca mais me deixariam em paz. Andar nas ruas, agora, só disfarçado. Era o fim da privacidade. Mas foi só o delírio passar para eu me dar conta de que todos aqueles flashes vinham da câmera fotográfica da minha esposa, que não parava de tirar fotos. Não me deixei abater por isso, já que logo após o bate-papo várias alunas vieram tirar fotos comigo. Acho, inclusive, que o fato de o público feminino ter me procurado mais talvez denote que não sou apenas um bom cronista, mas também um rostinho bonito (ai, a modéstia...). E o que dizer dos autógrafos?! Simplesmente perdi a conta de quantos dei. Quer dizer, mais ou menos. Exagero meu. Dei uns dez, o que já é um bom começo.
Foram as dez vezes que mais assinei meu nome com prazer.
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